Após perder bebê devido a infecção, capixaba conta como cuidados obstétricos salvaram sua vida: “eles foram muito rápidos”

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Internada por 29 dias, esta foi a única imagem registrada pela jornalista Lize Secchin durante a fase hospitalar. Imagem: Lize Secchin/Arquivo pessoal

A jornalista capixaba Lize Secchin passou por uma situação complicada no início deste ano. Grávida de 25 semanas, ela precisou ser internada às pressas após a bolsa romper, três meses antes do período esperado para o nascimento. O objetivo era evitar que uma infecção fosse gerada após o incidente. Mas o quadro acabou se desenvolveu no leito hospitalar.

Inicialmente uma infecção urinária, a condição se agravou, progredindo para uma sepse, quando diversas outras partes do corpo também são afetadas. A situação clínica fez com que os médicos tivessem que fazer um aborto induzido. Infelizmente, a bebê não resistiu, morrendo ainda no ventre.

“Horas depois tive que ser transferida para a UTI, onde fiquei por 14 dias. Eles iniciaram o tratamento da infecção e fomos tendo progresso dia após dia. Perder a bebê foi muito difícil, ainda mais com a doença renal crônica que adquiri devido à sepse”, conta a jornalista.

A doença crônica provocou mudanças na vida da Lize. Hoje ela precisa conviver com hábitos diferentes, uma vez que o rim foi afetado após a complicação durante a gestação. Ao todo, foram 29 dias de internação, processo que só depois ela foi entender a gravidade. Embora tenha passado pela complicação, hoje a jornalista está bem e reconhece como a agilidade e os procedimentos médicos adotados salvaram-na de um resultado pior.

“A princípio fui acompanhada pelo meu obstetra Frederico Bravim. Ele deu todo suporte durante o pré-natal e principalmente durante a intercorrência. Na UTI, fui acompanhada por outros dois brilhantes médicos, que iniciaram o tratamento. Também devo agradecimento a equipe de enfermagem, que era muito competente, atenciosa e carinhosa”, diz.

Lize Secchin e o marido. Imagem: Reprodução/Rede social

Cuidados obstétricos

O caso é um dos exemplos que reforçam a necessidade de manter um acompanhamento médico regular, seja no pré-natal ou na fase do puerpério. Segundo dados levantados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) em 2021, de 70% a 80% dos casos de óbitos maternos podem ser resolvidos com atendimento clínico.

Neste domingo (28) é celebrado o Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna. A data tem como objetivo chamar a atenção para os direitos relacionados à gravidez e à saúde das mulheres durante todo o período. Dentre as ações estão o auxílio em relação ao planejamento familiar e ao pré-natal, além do acesso à informação, um dos fatores decisivos na redução da mortalidade materna.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como morte materna o óbito de mulheres durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gravidez, devido a qualquer causa relacionada ou agravada pela condição, exceto causas acidentais ou incidentais.

Complicações na gravidez, como hipertensão ou diabetes gestacional, estão relacionadas com o surgimento de doenças crônicas — Foto: Lisa Runnels para Pixabay

Dentre os tipos, estão a morte materna obstétrica direta, quando ocorrem complicações obstétricas relacionadas a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos; e a indireta, definida por problemas resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez.

Aborto induzido

Além das situações clínicas que geram o óbito da mãe ou do bebê, há ainda aquelas em que a saúde da mulher é afetada por intervenções relacionadas ao aborto clandestino, ou seja, sem os devidos cuidados.

De acordo com os últimos dados da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), de 2021, obtidos pela Agência Brasil, uma em cada sete mulheres, com idade próxima aos 40 anos, já fez pelo menos um aborto no Brasil. Dentre elas, mais da metade (52%) do total de mulheres que abortou tinham 19 anos de idade ou menos, quando fizeram seu primeiro aborto.

Deste contingente (abaixo de 19 anos), 46% eram adolescentes entre 16 e 19 anos e 6%, meninas entre 12 e 14 anos.

Parte das entrevistadas (39%) usou medicamento para interromper a gestação. A pesquisa cita que o medicamento mais usado é um indicado para prevenção e tratamento da úlcera gástrica. Além disso, 43% das mulheres foram hospitalizadas para finalizar o aborto.

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João Vitor Gomes

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