quinta-feira, 28 de março de 2024
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Covid-19 aumenta os riscos do desenvolvimento de doenças cardiovasculares

Em dois anos de pandemia da Covid-19 muitos estudos têm sido feitos para entender o vírus e suas sequelas. Diversas doenças respiratórias, motoras e psicológicas – que afetam variados órgãos do corpo humano – têm sido ocasionadas pelo coronavírus. É o que revela artigo de cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado na edição de janeiro deste ano da revista Nature.

Os autores do estudo identificaram que tanto a infecção causada quanto as complicações pela Covid-19 aumentam os riscos do desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O texto aponta que a probabilidade de problemas no coração aumenta até mesmo entre os pacientes que apresentaram casos leves da doença.

Durante um ano, os pesquisadores acompanharam 153 mil pacientes recuperados da Covid-19 e constataram que todos, independente da forma da doença contraída, tiveram aumento significativo de complicações cardíacas ou doenças que afetam o coração e vasos sanguíneos.

A médica pneumologista Jessica Polese faz parte de um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sobre a Covid-19 e acompanha estudos nacionais e internacionais sobre o assunto. Sua constatação é a mesma dos pesquisadores americanos.

“A partir do momento que o indivíduo teve o Covid-19, aumenta a chance dele ter uma doença cardio vascular”, afirma a médica, que acrescenta que pacientes possuidores de uma doença mais grave têm mais chances de desenvolver outras patologias, como, por exemplo: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Acidente Vascular Encefálico (AVE) e tromboembolismo.

“Isso gera várias consequências e impactos: econômicos, financeiros, sociais na vida de todos”, diz a pneumologista, para quem os trabalhos científicos na área mostram que pacientes da Covid-19 apresentam problemas cardiovasculares e metabólicos tardios, o que considera seriamente preocupante.

“É muito sério. Dois anos depois as pessoas estão morrendo de infarto e doença cardiovascular, principalmente as que tiveram doenças mais graves. Morre menos quem teve formas leves da doença”, explica Polese.

Ela ainda orienta que é muito importante se vacinar. “Precisamos completar o esquema vacinal e vacinar também as crianças. A certeza que temos é que a vacina salva vidas e previne formas mais graves da Covid-19, então esta é a única forma de nos prevenir contra a doença, contra essas complicações e as sequelas que o vírus tem deixado em nosso organismo”, ressalta a pneumologista.

Gravidade

“De acordo com o estuda da revista, o que é mais relevante é a gravidade da doença: se foi leve, moderada ou grave. Isso que tem impacto. Não importa a raça, sexo, idade. Isso não tem interferência.”

Prevenção

“É importante ressaltar os meios de prevenção da doença, reforçar a importância da vacina. É a maneira mais eficaz de prevenir. Levamos em consideração novas medicações que possam reduzir o tempo de internação e diminuir a gravidade da doença. Alguns antivirais estão chegando. O uso do corticoide a longo prazo é capaz de ter benefícios, mas está tudo em estudo ainda”, menciona a pneumologista.

Cepas

“Outro questionamento é se as diferentes cepas poderiam ser doenças distintas? Na verdade, as cepas diferentes ocasionam doenças de gravidades diferentes. O questionamento seria se a Ômicron, que parece ser uma cepa mais tranquila, que não pega tanto viés ou doença sistêmica, seria diferente. A resposta é como o indivíduo se comportou”.

Fator hereditário 

Um alerta para os fatores hereditários. “Assim como a diabete, a hipertensão e o AVC também têm um grande fator de ser hereditário. Isso é um fator congênito importante. Para evitar o AVC, é preciso estar tratando e prevenindo estas doenças. Para isso, é importante controlar as taxas, fazer atividade física, para que a pessoa fique com as taxas o mais normal possível”, disse a médica.

Fibrose Progressiva

“O paciente com problema pulmonar tem tendência a ficar em estado mais grave após a Covid-19. Qualquer infecção viral pode trazer malefícios. A infecção específica pelo vírus da Sars-CoV-2 nos dá muito receio de se transcorrer para fibrose progressiva, sendo um start para a fibrose pulmonar, o chamado pulmão ‘mais duro’, quando perde sua função”, disse a pneumologista.

“Quando um paciente pulmonar sai da UTI ele sai com o pulmão muito ruim. Ele demora um tempo para se recuperar. Quanto mais tempo de inflamação e lesão, maior o tempo de recuperação”.

“Quanto mais tempo ficamos sem diagnosticar e tratar, mais tempo para cicatrizar. Muitos pacientes pós-Covid-19, com hipertensão ou cardíacos, têm que ser acompanhados periodicamente”.

A médica, que também faz parte de grupo de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) sobre Covid, diz que tem acompanhado muitas pesquisas tanto de fora do país quanto daqui.

Os pesquisadores da Universidade de Washington acompanharam 153 mil indivíduos que tiveram Covid-19 e se curaram. Foi averiguado que um ano após a Covid-19, todos os pacientes independentes da forma da doença, tiveram um aumento significativo de complicações cardíacas ou doenças que afetam o coração e vasos.

Para Jessica, “os trabalhos estão mostrando que o paciente tem problemas cardiovasculares e metabólicos tardios, e isto é muito sério, dois anos depois as pessoas estão morrendo de infarto e doença cardiovascular, principalmente os que tiveram doenças mais graves, mas também nas formas lentas, morrendo muito menos quem teve formas leves da doença”, afirma.

Ela ainda orienta que é muito importante se vacinar. “Precisamos completar o esquema vacinal e vacinar também as crianças.  A certeza que temos é que a vacina salva vidas e previne formas mais graves do Covid, então esta é a única forma de nos prevenir contra a doença, e contra estas complicações e sequelas que o vírus tem deixado em nosso organismo”, ressalta a pneumologista.

 

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