A pouco mais de três meses do 1º turno das Eleições de 2022, uma nota divulgada por Eneias Zenelato Carvalho, membro do diretório estadual do PT no Espírito Santo, mexe com as decisões do partido nas próximas semanas. Informações demonstram que a democracia interna da chapa capixaba está fragilizada, dominada pelo poder econômico e político de algumas das principais lideranças no Estado.
A nota, assinada por Eneias Zanelato Carvalho, membro do Diretório Estadual do PT no Espírito Santo, destaca que até hoje não há destaque de candidatos. Além disso, a tática eleitoral não foi definida, bem como nenhuma discussão política, nem no Diretório Estadual, nem envolvendo os Diretórios Municipais, muito menos com a base do partido.
“Existem construções individuais e de tendências que se chocam porque pensam muito no próprio umbigo e esquecem da construção do conjunto do partido. A única unanimidade é Lula, o resto é cada um por si”, descreve.
O diretório também alega que o ato do individualismo em detrimento da ação coletiva do grupo não faz parte das ações do partido de cunho socialista. Essa seria a razão pela qual não podem ser considerados diferentes de outros partidos. “Não é à toa que diminuímos de tamanho no território capixaba, reduzimos o número de prefeitos, vereadores e deputados”, explica.
Em determinado momento, Eneias destaca que é necessário para o partido eleger uma bancada federal forte para dar sustentação ao governo e não deixar o candidato, Lula, “nas mãos do Centrão”.
Além disso, também ataca políticos regionais, ao se lançarem de modo mais individual. “Coser e Iriny, campeões de votos, se lançam como candidatos a Deputado Estadual, colocando em risco não eleger Federal e sem se preocupar com a governabilidade do Lula. É o individualismo imperando novamente”, exemplifica.
Os políticos são diretamente atacados pelo membro diretório. É destacado, em parte do texto, que os membros do partido deveriam promover o debate para uma chapa forte, que também leve em consideração o fortalecimento das lideranças petistas do interior capixaba.
Além disso, a carta também divulga para o público que, quando o assunto é distribuição do Fundo Eleitoral, os candidatos do interior são sufocados sem informação e recursos.
“Na última campanha de Deputado Federal, Helder Salomão recebeu quase R$ 1 milhão enquanto os outros não passaram de R$ 40 mil para uma campanha de Deputado Federal. Nas últimas eleições municipais, o PT destinou para o candidato a Prefeito de Vitória, João Coser, o valor de R$ 5,7 milhões, enquanto candidatos petistas a Prefeito de cidades como Cachoeiro, Colatina, Linhares e São Mateus receberam em torno de 80 mil para a campanha”, expõe.
O membro do diretório do PT finaliza a carta afirmando que é necessário acabar com o que ele batiza de: “Política de Perpetuação no Poder” das lideranças individualistas. E dá como possibilidade de mudança o restabelecimento da democracia interna do partido.
“Deve-se fazer uma distribuição justa e democrática do fundo eleitoral. Sem essas mudanças vamos ter que embalsamar algumas figuras nos mandatos e sepultar as novas lideranças”, finaliza.
A reportagem tentou contato com João Coser, Iriny e Helder Salomão, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Redação Mov News
Equipe de jornalismo do MovNews