Aliados de Renato Casagrande (PSB) contra-atacaram o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), por sua declaração de que teria ocorrido fraude em licitação do governo. Saíram em defesa do governador a vice Jacqueline Moraes (PSB) e o ex-secretário Tyago Hoffmann. Ambos utilizaram as redes sociais neste domingo (15) para se posicionar.
O primeiro foi Hoffmann, que acusou Pazolini de se dividir entre “destruir políticas públicas” e “fazer campanha antecipada para seu grupo político”. Por fim, o ex-secretário de Estado de Inovação e Desenvolvimento chamou o prefeito de irresponsável, assegurando que “isso não tem a ver com ideologia, sim com caráter”.
O Prefeito de Vitória se divide entre destruir políticas públicas construídas em anos de trabalho de diferentes gestões e fazer campanha antecipada para seu grupo político, com mentiras e uso da máquina pública. Irresponsável, e isso não tem a ver com ideologia, sim com caráter.
— Tyago Hoffmann (@tyago_hoffmann) May 15, 2022
Pazolini é aliado de primeira hora do presidente da Assembleia Legislativa (Ales), deputado Erick Musso, que preside ainda o Republicanos no Espírito Santo e é pré-candidato ao governo do Estado, fazendo aberta oposição a Casagrande.
Pouco tempo depois, Jacqueline entrou no circuito e criticou tanto a fala de Pazolini quanto a condução de seu mandato, “acusando-o de fazer campanha suja, antecipada e com dinheiro público”, deixando a Capital “um caos”.
“Além de não trabalhar, sempre tenta atrapalhar o trabalho do Governo do Estado. Não governa, passa os dias apontando culpados e mentindo”, continuou. Na sequência, Jacqueline disse que o prefeito “age agora como um moleque irresponsável”, da mesma forma que, segundo ela, “invadiu um hospital durante a pandemia”.
Da mesma forma que invadiu um hospital durante a pandemia, age agora como um moleque irresponsável.
— Jacqueline Moraes (@JacqueMoraes_es) May 15, 2022
A citação veio em alusão a um episódio de junho de 2020, quando o ainda deputado estadual Lorenzo Pazolini, acompanhado de outros parlamentares, entrou no Hospital Estadual Dório Silva, na Serra.
À época, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) classificou o ato como invasão. Os deputados, por outro lado, negaram se tratar de invasão, alegando que se identificaram e tiveram a intenção de fiscalizar denúncias sobre uma suposta precariedade dos equipamentos de tratamento da Covid-19.
Fato é que, na noite anterior ao episódio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia pedido em sua Live semanal para apoiadores que eles entrassem em hospitais para filmar os leitos destinados ao tratamento de pacientes da doença. Era mais uma tentativa de desacreditar os altos índices de hospitalizações e mortes causadas pelo coronavírus e sua “gripezinha”.
A vice-governadora encerrou a série de tweets refutando a tese de renovação política, uma das bandeiras de Pazolini durante a campanha à Prefeitura de 2020. Por fim, mandou um recado ao prefeito. “Vá trabalhar, Pazolini!”.
Mais um que se apresenta como renovação e representa o que há de mais atrasado na política. Uma pena, porque Vitória e o povo capixaba não merecem essa sujeirada toda.
Vá trabalhar, Pazolini!
— Jacqueline Moraes (@JacqueMoraes_es) May 15, 2022
Silêncio
O prefeito de Vitória foi procurado, por meio de sua assessoria, para se posicionar a respeito das críticas recebidas, mas não deu retorno. O líder do governo na Câmara de Vitória, vereador Duda Brasil (PSL), não citou o caso durante a Sessão Ordinária de hoje. “Entendemos que não cabe posicionamento”, respondeu a equipe do parlamentar.
O caso
Lorenzo Pazolini acusou o governo do Estado de fraude em licitação para aquisição de álcool em gel. Em discurso para entrega de uma unidade escolar em Jardim Camburi, no último sábado (14), o prefeito disse que foi convidado, ainda em 2021, para participar de uma reunião no Palácio Anchieta. Lá, relatou, teria sido informado da intenção de investimento na Capital, mas que o processo licitatório já teria uma empresa vencedora.
“A licitação tinha ganhador. A obra tinha que ser executada pela empresa tal. Eu vou repetir aqui: essa reunião se encerrou nesse momento em que eu bati na mesa e levantei. A licitação tinha vencedor sem ter começado e a obra só poderia ser executada, presidente Erick Musso, por determinada empresa”, prosseguiu, acenando para o deputado na plateia.
A fala do prefeito foi gravada e, posteriormente, compartilhada em aplicativos de mensagens instantâneas. No vídeo, Pazolini não chegou a citar nominalmente Renato Casagrande, mas, ao divulgar o conteúdo, assessores ligados ao grupo de oposição confirmaram se tratar do governador.
Em resposta, a Procuradoria Geral do Estado do Espírito Santo (PGE-ES) acionou o Ministério Público Estadual (MPES), ainda no sábado (14), exigindo explicações do prefeito. “Informe imediatamente a quem está se referindo e comprove suas acusações, sob pena de ser processado criminalmente por ofensa à honra provocada por imputações inverídicas”.