Diante da repercussão sobre o racha enfrentado internamente pelo PSDB capixaba, a secretária de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Neuzinha de Oliveira, atendeu nossa equipe para falar sobre o futuro do seu partido nas próximas eleições.
Experiente, hábil com as palavras e centrada na missão de ser secretária, Neuzinha falou pouco, mas disse muito nas entrelinhas.
Para ela, César Colnago não tem a musculatura necessária para disputar o Governo do Estado, que tem dois deputados estaduais do PSDB fechados com o governador Renato Casagrande (PSB). São eles Emilio Mameri e Marcos Mansur.
“Se o César mantiver a sua candidatura eu, certamente, o apoio. É fidelidade às cores do meu partido. Mas ele (César) precisa provar que está preparado para a disputa, preparado para mostrar que é capaz de conduzir o PSDB ao cargo mais alto do Estado”, afirma.
Neuzinha vai mais longe e critica veladamente o colega partidário, Vandinho Leite: “O que vejo dentro do partido é uma luta pela formação de chapas para estadual e federal. Não há uma discussão agora sobre a eleição majoritária, que escolhe ninguém menos que um senador e um governador”, revela.
Apesar das críticas, Neuzinha vê como fundamental a formação de uma chapa forte para a disputa proporcional, já que, com a formação de uma ampla bancada, o partido consegue tempo de televisão e se mostra maior para negociar com as demais bancadas e com o próprio Governo.
Reuniões aqui e em Brasília
De acordo com a secretária, na próxima segunda-feira (14), a Executiva Estadual do PSDB deve discutir o rumo que irá tomar, debatendo com seus quadros as possibilidades que se abrem para a sigla para outubro.
“Pela primeira vez me foi dada a missão de trabalhar na administração, buscando soluções para uma área tão sensível que é a geração de renda, a preservação da cidadania e a defesa dos Direitos Humanos. Eu foquei nisso neste início de mandato municipal com Pazolini e deixei as tarefas partidárias para mais próximo das eleições”, afirma.
Ainda de acordo com a secretária Neuzinha de Oliveira, é preciso saber quais serão as diretrizes adotadas pelo partido no que se refere a diversos assuntos de alcance nacional. Segundo ela, isso também será debatido no dia 15 de março, em Brasília, quando a cúpula nacional do partido estará reunida.
“Eu preciso acreditar nas ideias que eu e meu partido vamos defender. Estou falando dos diretos das mulheres, do papel da mulher na sociedade e sua participação na condução da politica em nossas cidades, em nosso Estado e em nosso Brasil”, adverte.
Federal
Revelando pouco, mas dando a entender que tem ambições políticas mais altas que a pasta de secretária ou uma volta ao posto de vereadora, em 2024, Neuzinha disse que não descarta a possibilidade de ser candidata ao cargo de deputada federal pelo PSDB.
“Sempre há possibilidades de colocar nosso nome à disposição do partido, de representar a sigla numa eleição. Mas, como disse, precisamos alinhavar isso tudo nestas conversas que teremos em breve”, finaliza.
Neuzinha foi candidata a prefeita de Vitória, disputando a vaga com o prefeito eleito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Neuzinha obteve 7.897 votos (4,61% dos válidos). Pouco para 20 anos de trabalho, muito para quem se manteve fiel a todos os prefeitos que passaram pela capital. Com essa votação, Neuzinha teria sido eleita a segunda vereadora mais bem votada de Vitória, perdendo para Deninho (Cidadania), o campeão de votos do último pleito municipal.
Contra tudo e contra todos, Neuzinha e o advogado Alexandre Theodoro disputaram a Prefeitura de Vitória numa chapa puro-sangue, considerada suicida, sem apoio de nenhum partido. Bom para Neuzinha, que mostrou que ainda tem seguidores e eleitores.
Talvez seja esse eleitor cativo que garanta a Neuzinha de Oliveira autoridade para discutir os rumos do seu partido.