Em reação aos primeiros bombardeios russos à Ucrânia, ocorridos na madrugada de hoje (24), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que seu país e seus aliados começam a aplicar “a maior sanção econômica da história” contra a Rússia. “Nomes da elite russa também serão atingidos, além de acesso à tecnologia e financiamentos”, disse.
Biden reagia à ameaça do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que logo depois dos primeiros ataques alertou que “quem se meter sofrerá consequências jamais vistas na História”.
“Putin é o agressor e quem escolheu a guerra“, afirmou, acrescentando que “nunca foi uma questão de se defender”. “Hoje, estou autorizando sanções fortes e novos limites sobre o que pode ser exportado para a Rússia, com custos fortes à Rússia agora e ao longo do tempo”, adicionou.
Falando na Casa Branca, Biden também disse que o governo limitaria a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares e outras moedas, e que planejava sancionar outros bancos russos. Porém, ele informou que as sanções ainda não incluem banir o país do sistema bancário SWIFT.
Algumas sanções anunciadas:
- Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes para fazer parte da economia global;
- Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
- Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
- Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos.
O professor de Relações Internacionais da Universidade Vila Velha (UVV) Daniel Carvalho falou com o jornalista Oswaldo Oleare e esclareceu alguns pontos desse conflito. Veja a entrevista no vídeo.
Primeiros bombardeios
Na madrugada desta quinta-feira (24) começaram os bombardeios do exército russo no território da Ucrânia. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram explosões acontecendo em diferentes locais do país. A Rússia garantiu que os ataques têm apenas como alvo bases aéreas ucranianas e outras áreas militares, não zonas povoadas.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a operação militar, afirmando que se destina a proteger civis de etnia russa em Donetsk e Luhansk, cuja independência ele reconheceu na segunda-feira (21). O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que a Rússia lançou operação em larga escala. O ataque teria sido feito pelas fronteiras com Rússia, Bielorrússia e Crimeia. O Exército ucraniano diz ter abatido cinco aviões russos e um helicóptero.
“A Rússia lançou ataques contra nossa infraestrutura militar e postos fronteiriços”, disse hoje o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em vídeo divulgado na rede social Telegram. Zelensky impôs a lei marcial em todo o território. Pediu aos ucranianos que evitem “pânico” e confiem na capacidade do Exército para defender o país e que está em contato com o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, para um apoio internacional.
“Tive uma conversa com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que já prepara o apoio internacional. Hoje peço a vocês, a cada um de vocês, que descansem, se possível, não saia e trabalhe de casa. Estamos trabalhando juntamente com o exército e áreas de defesa na segurança da Ucrânia”, disse o presidente.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kouleba, acusou a Rússia de ter iniciado “invasão em larga escala”.
“Cidades pacíficas da Ucrânia estão sendo atacadas. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia vai se defender e vencer. O mundo pode e deve parar Putin. É hora de agir agora”, escreveu Kouleba na rede social Twitter.
Explosões
Foram registadas nesta quinta-feira fortes explosões em pelo menos cinco cidades da Ucrânia, incluindo a capital, Kiev, horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado o início de operação militar no país. Pelo menos duas explosões foram ouvidas, de madrugada (horário local), no centro de Kiev, tendo sido seguidas pelas sirenes de ambulâncias, segundo jornalistas.
Mariupol, no Leste da Ucrânia, cidade portuária do país, foi atingida por bombardeios de artilharia.Com meio milhão de habitantes, Mariupol é a maior cidade na fronteira com as autoproclamadas repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Luhansk.
Mais perto da fronteira, na cidade de Kramatorsk, quartel-general do Exército ucraniano, pelo menos quatro explosões foram ouvidas. Também a cidade de Kharkiv, no Leste da Ucrânia, e o Porto de Odessa, no Mar Negro, Sul do país, registraram explosões.
A Ucrânia anunciou o fechamento do espaço aéreo para a aviação civil. Em comunicado, o ministério ucraniano das Infraestruturas justificou a decisão alegando “elevado risco para a segurança” do setor.
Segundo agências noticiosas russas, foram cancelados todos os voos com destino ou partida dos aeroportos de Rostov-sur-le-Don, Krasnodar, Sotchi e Anapa, todos situados no Sul da Rússia, próximo à fronteira com a Ucrânia ou ao Mar Negro.
Moradores tentam deixar Kiev
Capital da Ucrânia, Kiev enfrenta um grande congestionamento de carros, com milhares de pessoas tentando deixar a cidade desde o início dos ataques do exército russo. Filas em postos de combustível, filas quilométricas de carros em ruas, avenidas e rodovias, supermercados lotados.
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, disse nesta quinta-feira (24) que Berlim e os aliados da Alemanha vão aplicar “sanções mais severas” contra a Rússia. Itália, Macedônia do Norte e República Tcheca condenaram também a operação militar contra a Ucrânia.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, qualificou o ataque russo contra a Ucrânia de “injustificado e injustificável”, destacando que a UE e a Otan vão trabalhar em uma resposta imediata.
“A Itália está ao lado do povo e das instituições ucranianos neste momento dramático. Nós estamos trabalhando com os aliados europeus e a Otan para responder imediatamente, com unidade e determinação”, disse Draghi em comunicado.