A Quaresma é um período delicado e de penitência para católicos de todo o mundo. Uns evitam sair para bares e festas e ficam mais reclusos nesse período, enquanto outros abrem mão de coisas que gostam bastante, como doces e bebidas alcoólicas, por exemplo, em função da fé.
O mais comum entre os católicos é ficar sem comer carne vermelha nesse período. Algumas pessoas deixam de comer carne apenas nas sextas-feiras, já outras preferem passar os 40 dias da Quaresma sem consumir esse alimento.
Nessa época de abstinência, é comum que católicos e católicas façam a substituição da carne por peixe. Esse é o caso de Romário Ramos. Todos os anos, o aposentado faz sacrifícios em nome fé e deixa de comer carne vermelha e de ingerir bebida alcoólica antes da Semana Santa.
Além da questão religiosa, existem também o lado financeiro que acaba sendo impactado por conta da troca dos alimentos. “Tenho o costume de comer peixe no decorrer do ano, mas nesse período aumenta a quantidade lá em casa. Isso é uma escolha minha, pela minha fé e meus costumes, então eu acredito que vale a pena, apesar de pagar mais pelo peixe do que pela carne”, diz Romário, que recebe a companhia da esposa nesse momento religioso.
“Ela também é católica, mas não deixa de comer carne na Quaresma. No entanto, me acompanha nessa alimentação diferente dentro de casa. Como o preço do peixe acaba ficando mais salgado, a gente tenta economizar um pouco diminuindo a quantidade de consumo nessa época de penitência”.
No último sábado (25), Romário comprou Cação e Peroá para cozinhar nos próximos dias. No Peroá, ele pagou R$ 13 no quilo e no Cação foram desembolsados R$ 35 pelo quilo. Ele fez uma comparação com o valor do frango, que na última semana, na promoção, uma bandeja de peito de frango estava custando R$ 13,90 e com o ovo, que uma caixa com 30 unidades de ovos estava custando R$ 20. Já o quilo do Contra Filé estava R$ 39,00. “Mas acredito que o valor do peixe vai passar o da carne vermelha nos próximos dias”, completou Romário.
Consumo de peixe dispara
Mário José de Almeida, dono de uma banca de peixes e atual presidente da Associação de Comércio de Pescado da Vila Rubim, falou sobre a movimentação diferente nesse período do ano.
“Esse período de Quaresma que antecede a Semana Santa é muito aguardado por nós comerciantes. A expectativa de vendas é sempre a melhor possível, porque muitas pessoas são adeptas a fazer essa penitência na Quaresma, trocando a carne vermelha por peixes”.
A servidora pública e administradora Estéfanny Braga diz que é normal o preço do peixe subir nesse período de maior consumo do alimento e que ela entende os motivos do reajuste.
“É uma maior demanda, então as pessoas que fornecem esse tipo de alimento tem que fornecer em maior quantidade, e aí aproveita para colocar um preço maior. Esse preço mais alto também é justificado por conta do trabalho ser maior nesse período. Aumenta-se o gasto com relação à limpeza e mão de obra da pesca”, explica.
Já tem peixe faltando
A peixeira Valéria Mendes Costa diz que a procura por peixes aumentou e que já está faltando o alimento nas lojas.
“A gente tem percebido essa alta no consumo e por isso já tem muito peixe faltando no mercado, mas até o começo do mês de março deve começar a chegar mais peixes para a gente vender. As pessoas têm uma cultura que resguarda aquele dia para estar comendo só o peixe mesmo, então a busca dos católicos aqui no local fica bem maior do que o normal. O Vermelho, o Dourado e o Badejo são os mais procurados nessa época do ano”, destaca a comerciante da Vila Rubim, em Vitória.
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