A saúde mental dos Policiais Militares no Espírito Santo tem preocupado autoridades. Nós já mostramos aqui que um estudo inédito revelou que cerca de 80% da tropa sofre de algum transtorno mental, como ansiedade, depressão ou pânico. A pesquisa foi elaborada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a pedido da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), que apontou algumas condições psicossociais que impactam nos afastamentos por motivos de saúde mental.
O assunto chegou até a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger) chamam a atenção para o número de casos de afastamento de agentes de segurança por problemas de saúde mental no Espírito Santo.
De janeiro a maio deste ano foram registrados 295 casos só na Polícia Militar (PMES). As principais causas são transtornos de ansiedade (70 casos), episódios depressivos (58 casos) e transtornos neuróticos (37 casos). O assunto foi pauta na reunião da Comissão de Segurança, realizada nesta terça-feira (22).


O problema não é exclusivo das forças militares, como lembrou o presidente do colegiado, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL): “Reconhecemos os desafios que enfrentam nossos policiais civis, militares, penais, técnico-científicos e guardas municipais, em relação às demandas diárias da própria profissão, que por natureza, naturalmente, é colocada entre as atividades laborativas mais estressantes e resultantes de doenças profissionais, sobretudo de ordem psíquica”, argumentou o parlamentar.
Pressão e demanda
A pressão no trabalho e a alta demanda diária foram apontadas pelo presidente da Associação de Escrivães de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo (Aepes), Clovis Ferreira Guioto, como as principais causas dos afastamentos:
“Nossos profissionais estão adoecendo. (…) As cobranças hoje são digitais, ninguém desliga do trabalho mais, whatsapp, mídias sociais, o telefone é um computador. Então, nós vamos ser demandados e cobrados diuturnamente, vinte e quatro horas por dia”, pontuou.
A defasagem no efetivo acaba gerando mais estresse para os profissionais de segurança, conforme pontuou o deputado Coronel Weliton (PTB). “Nós estamos vendo hoje, que na realidade o governo assumiu uma situação caótica quanto ao efetivo da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e também outras unidades”, alarmou.
Atendimento
A demanda não é alta somente para os agentes de segurança, mas também para os profissionais de saúde que atendem esses agentes, como esclareceu a coordenadora do Serviço Psicológico da Divisão de Promoção Social da Polícia Civil (PCES), Maria Teresa Borges.
A psicóloga afirmou que o número de profissionais e a estrutura não são suficientes: “A gente tem um espaço físico limitado, temos que dividir as salas para o atendimento. (…) O número de técnicos é muito limitado, nós somos seis psicólogos e cinco assistentes sociais, considerando que nós temos um público, só de policiais, de pelo menos 2 mil, fora os aposentados”, lamentou.
Com informações do site al.es.gov.br
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