quarta-feira, 29 de novembro de 2023
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Estudo revela que rotina de PM do ES leva 80% da tropa a estresse, ansiedade e depressão

Uma pesquisa inédita, elaborada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a pedido da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), apontou algumas condições psicossociais que impactam nos afastamentos por motivos de saúde mental.

O trabalho é inédito pela união de todas as forças de segurança do Estado para Corpo de Bombeiros, Guardas Municipais de Vila Velha, Serra, Linhares e Viana e as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal.

Agentes de segurança e o estresse

O levantamento foi realizado entre março de 2022 e fevereiro de 2023. Por meio de questionários realizados entre os profissionais que se voluntariaram a participar do estudo, os pesquisadores avaliaram as condições de estresse presentes no cotidiano dos servidores.

Participaram das avaliações 907 servidores da região Metropolitana; 273 do Norte; 165 do Noroeste; 158 do Sul; e 66 da região Serrana. Destes 1.569 voluntários avaliados, 1.250 (79,66%) apresentavam sintomas de estresse em diferentes níveis, independentemente da região de lotação ou da forma de execução do serviço.

A fase dois do estudo (avaliação e intervenção) contou com a participação de mais de 400 servidores que passaram por avaliação cardiológica, nutricional e psicológica. Ao avaliar, conjuntamente, estresse, ansiedade e depressão, os pesquisadores observaram a presença de depressão em 22% dos casos; ansiedade em 19,7%; e estresse em 12,7%.

Pesquisadores da UFES realizam estudo inédito

PM fala sobre rotina

Um cabo da PM, que preferiu não se identificar, falou sobre a rotina cansativa e justificou o motivo dos números. “Não existe uma normativa específica, pontual e legal que garante a estes profissionais o resguardo e o acompanhamento adequado ao acesso à saúde. A começar pela carga horária. Nós temos um déficit operacional, temos as mais diversas escalas de trabalho em estresse elevado. O policial é exposto as mais variadas possibilidades nas ruas, como, por exemplo, o policial baleado dentro do destacamento da PM em Vitória”, explicou o cabo.

Segundo ele, a rotina cansativa interfere no cotidiano. “Isso interfere em todas as coisas. Má alimentação, qualidade do sono, estresse. Não é só ir para a rua trabalhar. A rotina do policial é cansativa. Todo policial militar que trabalha na operacionalidade tem uma carga forte de estresse. Rotina em fórum, administrativa e há uma dificuldade entre os agentes em aceitar a procura pelo apoio”, completa.

Propostas de melhorias

O estudo traz algumas propostas de melhorias na qualidade de vida do agente público de segurança. Dentre tais sugestões, estão: verificação de formas de amenizar os problemas do sono; adoção do modelo de terapia on-line para casos graves e terapias de livre adesão ininterruptas; manutenção do suporte de atenção à saúde de servidores nas áreas de nutrição, cardiologia e psicologia, em especial para o grupo feminino; implantação de apoio psiquiátrico ou plano de saúde para os servidores da segurança pública; e implementação de local e horário para alimentação e realização de atividades físicas.

“Nosso intuito é melhorar as condições de trabalho e aumentar a produtividade, a economicidade e a qualidade da prestação dos serviços públicos de segurança no Estado”, destaca Adriana Madeira, uma das coordenadoras da pesquisa.

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