Os deslizamentos de terra provocam uma destruição material assustadora e até mesmo ceifam vidas com pessoas soterradas. As imagens que ficam após o fenômeno mostram o tamanho da tragédia. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou um estudo que apontou o Espírito Santo como o segundo Estado com maior risco de deslizamentos de terra. Em Vitória, existe uma relação direta entre as áreas de vulnerabilidade social e as mais propensas ao fenômeno.
A pesquisadora Júlia Effgen, de 31 anos, moradora de Vila Velha, produziu durante seu doutorado a tese denominada Análise de risco de escorregamentos translacionais em Vitória, ES – Brasil. O estudo concluiu que as chuvas são o principal fator para a ocorrência dos movimentos de massas na Capital.
Além disso, a pesquisa mostrou que as regiões de Vitória que registraram as maiores incidências de deslizamentos são Jucutuquara (225 casos), Maruípe (111), São Pedro (73) e Santo Antônio (70), todas localizadas ao redor do Maciço Central do município.
Para quem não sabe, Maciço Central de Vitória é o nome da formação conhecida como Morro da Fonte Grande. Por outro lado, as áreas menos atingidas são Jardim Camburi (quatro casos) e Jardim da Penha (um caso).
“A pesquisa foi realizada com auxílio de dados de ocorrências registradas entre 1999 e 2017. Conseguimos observar as áreas que apresentam mais movimentos de massas, e cabe lembrar que esses movimentos podem ser deslizamentos de grandes impactos – as tragédias com maiores repercussões – e também de pequenos impactos”, conta a pesquisadora Júlia Effgen.
Possibilidade
Na análise é apresentada os bairros com maior ou menor probabilidade de ter escorregamento translacional, que é quando a massa de terra se desprende e desliza para baixo e para fora, normalmente com uma alta velocidade. A possibilidade é definida também com estudo das ocorrências registradas entre 1999 e 2017.
Gurigica (56 ocorrências), Forte São João (46), São Benedito (27) e Consolação (25) são as regiões mais propensas. Os bairros de áreas planas, como Praia do Suá, Santos Reis, São Pedro e Vila Rubim (com um registro cada) são os que têm menos probabilidade.
A pesquisa também apresenta o Índice de Vulnerabilidade Social (SoVI) de Vitória, demonstrando que áreas menos vulneráveis estão concentradas nos bairros a leste do Maciço Central, próximas ao litoral, enquanto os locais mais vulneráveis estão associados ao Maciço Central, manguezais e às colinas costeiras.
Regiões de maior vulnerabilidade social estão associadas ao Maciço Central, como Romão, Cruzamento e Conquista; às colinas costeiras, a exemplo de Gurigica, Jesus de Nazareth e São Benedito; e às zonas de aterros em manguezais, como Nova Palestina, Maria Ortiz e Ilha de Santa Maria.
Por outro lado, a região da Praia do Canto, que apresenta uma das melhores infraestruturas da capital, teve vulnerabilidade social variando entre média e muito baixa.
Alerta
A pesquisadora conta que sempre gostou da área de geografia e sempre teve a curiosidade para saber por quais motivos uma área está propensa a deslizamentos e outras não mesmo estando localizadas próximas. E a pesquisa serve como alerta para autoridades buscarem evitar uma tragédia.
“Essa identificação de movimentos de massa pode ajudar órgãos públicos em ações emergenciais de contenção e reparação. E, claro, também alertando a população das área e os riscos”, destaca Júlia Effgen.
*Com informações da Ufes
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp! Basta clicar aqui.
Redação Mov News
Equipe de jornalismo do MovNews