Nos primeiros três meses deste ano, 119 pessoas foram dadas como desaparecidas no Espírito Santo. Deste dado, 24 são adolescentes de 12 a 17 anos. De janeiro a março de 2022, apenas quatro adolescentes ficaram desaparecidos, o que pontua o aumento significativo de casos.
Segundo informações da Polícia Civil, Cariacica lidera a lista entre os três municípios com mais desaparecimentos, com 33 pessoas. Logo depois vem Serra, com 31, e Vitória, com 28.
Atenção aos sinais
Em casos onde os adolescentes saem de casa por conta própria e sem intenção de voltar, a psicóloga infantil Dediani Darós, especialista em saúde mental, explica o que pode levar estes jovens a “fugirem” de seus lares e como os responsáveis legais podem identificar sinais desta ação antes mesmo que ela ocorra.
“Os adolescentes estão em uma faixa etária onde tudo é muito delicado, pois além de estarem com os níveis hormonais descontrolados, eles estão na fase de desenvolvimento de personalidade, comportamento, caráter. Por isso sentem tudo com muita intensidade. Tristeza, raiva, paixão e inseguranças”, explica ela.
A especialista diz ainda que aqueles adolescentes que não possuem uma manutenção adequada da saúde mental, são os que tendem a levar a vida ao extremo.
“Sem medo do perigo, pode ocorrer uso abusivo de substâncias, depressão severa, ansiedade, crises de pânico. As vezes não tendo o apoio necessário e até mesmo o ambiente adequado em casa, escola e no meio social, o adolescente pode simplesmente achar que fugir de tudo aquilo seria a única solução para aliviar a dor psicológica, é o que acaba acontecendo em muitos casos de desaparecimento”, comentou Darós.
Prevenção
Além de um bom convívio, saber analisar o comportamento dos filhos e dar atenção aos quesitos de saúde mental são uns dos fatores que podem diminuir a porcentagem de desaparecidos por esta causa.
“O ideal para lidarmos melhor com a prevenção disso é sempre observar o comportamento do seu filho, prezar pela manutenção da saúde mental e dialogar de forma passiva e empática com o adolescente. Fazer disso um hábito para haver uma reconstrução de vínculo. Um ambiente familiar saudável faz total diferença na vida de um jovem e pode evitar muitos casos de desaparecimento e outras tragédias”, concluiu.
Como e quando registrar o desaparecimento?
A Polícia Civil informa que casos de desaparecimento devem ser registrados, por meio de Boletim de Ocorrência, em qualquer delegacia ou realizar o registro por meio da delegacia online para que as autoridades tomem ciência do caso e inicie as investigações.
Na Grande Vitória, o registro pode ser feito:
- Na Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), que funciona no prédio do DHPP: Rua João Carlos de Souza, nº.89, Bairro Vermelho, Vitória/ES;
- Na delegacia mais próxima;
- Por meio da Delegacia online (https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br)
Prazo para anunciar o desaparecimento
Não se exige o prazo de 24h para o registro de desaparecimento. O importante é a família ficar atenta à quebra da rotina diária do desaparecido, isso é que deve nortear os familiares a registrar ou não o desaparecimento.
A família não é obrigada a fazer buscas por conta própria, entretanto, a atuação ativa dos familiares contribui diretamente para o êxito das buscas, haja vista ser a rica fonte para onde, naturalmente, as informações acabam convergindo.
Informações que possam auxiliar no trabalho de investigação de pessoas desaparecidas podem ser passadas de forma sigilosa por meio do Disque-Denúncia 181 ou pelo disquedenuncia181.es.gov.br, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas. Também é possível passar informações diretamente à equipe de investigação da DEPD pelo telefone (27) 3137-9065, ou indo pessoalmente à unidade.
Fotos de pessoas desaparecidas
No site do Disque-Denúncia 181 existe uma página onde são postadas as fotos de pessoas desaparecidas de todo o Estado e pode ser acessada pelos populares (disquedenuncia181.es.gov.br).
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Com supervisão de Leonardo Sales.
