Ruas vazias do Centro de Vitória assustam mulheres que voltam tarde do trabalho

1
Centro de Vitória ao entardecer. Foto: Isabela Santos / MovNews

Conhecido como o berço da boemia capixaba, o Centro de Vitória, nos últimos anos, vem passando por um processo que está desagradando moradores da região. Mesmo com os bares e praças no bairro, quem mora ali reclama da insegurança nas principais ruas após o horário comercial e o fechamento das lojas.

São diversos os relatos compartilhados entre os moradores de assaltos durante a noite, quando as pessoas estão voltando de seus trabalhos. Os ônibus intermunicipais, que passam apenas nas avenidas Beira-Mar, Princesa Isabel e Gerônimo Monteiro, obrigam moradores e moradoras a andarem um percurso longo em meio ao Centro deserto e com pouca (ou nenhuma) segurança. Alguns são obrigados a atravessarem as vias onde os ônibus passam.

Avenida Beira-Mar, no Centro de Vitória. Foto: Leitor

Esse é o caso de Beatriz Santana, de 39 anos, que mora no Centro desde 2005 e já passou por diversos apertos na volta para casa após uma longa jornada de trabalho como personal trainer.

“Nesses últimos anos piorou. Já fui assaltada mais de quatro vezes no Centro, tanto de manhã, saindo para trabalhar 5 horas da manhã, quanto a noite, quando eu volto, por volta de 20 horas. Nessa última vez aconteceu que eu desci no ponto que entra no Centro, ali perto da Rua Coronel Monjardim, e vim andando, por volta de 20h30. Em uma rua atrás do Teatro Carlos Gomes, na Rua do Rosário, um rapaz passou de bicicleta, colocou seu órgão genital para fora e falou que já estava duro. Nesse momento eu me senti acuada, mas ao mesmo tempo me veio uma revolta, porque a gente fica revoltada por ter nosso corpo violado a todo momento, e aí eu comecei a gritar”, relata a personal.

Beatriz fez o Boletim de Ocorrência, mas não sente que haverá alguma mudança. “Não tem como não achar que isso não vai acontecer com outra mulher, porque eles [a polícia] não fazem nada. Você não vê policiamento no Centro. Você vê a polícia na rua em momentos muito pontuais. Fora isso, dificilmente você vê um carro de polícia passando por lá”, reclamou.

Insegurança atrapalha rotina

Muitas pessoas precisam ajustar suas rotinas ao horário comercial, quando tem movimento na região. A estudante de design de moda Helena Craus, de 18 anos, evita circular pelas ruas da região após às 18 horas.

Abandono do Centro é visto até durante o dia. Foto: Helena Craus

“Minha rotina morando no Centro de Vitória é basicamente tentar encaixar todos os meus compromissos no horário da tarde, então tudo que tenho que fazer eu coloco entre às 13 e às 17 horas, que é quando ainda tem um movimento na rua. Depois das 18 horas, não tem praticamente ninguém nas ruas e quando tem são pessoas drogadas ou assaltantes”, relata a estudante.

Essa insegurança impede que os moradores tenham compromissos. Helena contou à reportagem do MovNews que, durante o período que precisou fazer terapia e as sessões eram a noite, ela sempre pedia para alguém ir com ela. A jovem também sempre evita andar a pé na região, optando por gastar dinheiro com aplicativo de corridas.

“Quando eu tenho que fazer algo aqui no Centro, é de noite e minha mãe ou outra pessoa não podem ir comigo, eu sempre peço um carro em aplicativo de corridas mesmo que seja aqui do lado. Eu vou mesmo assim porque prefiro pagar do que correr o risco de acontecer algo pior comigo”.

A Polícia Militar, por nota, ressaltou que há policiamento ostensivo 24h na região, sendo, inclusive, algumas equipes destinadas apenas para reforço no período noturno/madrugada. No entanto, a PM lembra que o patrulhamento é dinâmico, por isso pede a colaboração da população, que, havendo suspeita ou ocorrência de crime em andamento, acione uma viatura imediatamente pelo Ciodes (190).

Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp! Basta clicar aqui.

 

Avatar
Isabela Santos

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui