A tímida Ana Clara de Castro, mais conhecida como Ana Luzes, descobriu uma forma mais fácil de se comunicar com o mundo através da fotografia. Aos 13 anos, a capixaba começou a fotografar com a câmera do seu celular o cotidiano e descobriu um talento que, no futuro, levaria seu nome a cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
Criada na favela do Morro do Quadro, em Vitória, e estudante de escola pública, Ana Luzes, agora com 22 anos, sentiu na pele a dificuldade de ser uma mulher preta e artista no Espírito Santo. A caçula de quatro irmãs, Ana, a mais tímida, teve que aprender como mostrar suas luzes para o mundo e conversar através de sua arte. A jovem graduou-se em Fotografia na Universidade de Vila Velha (UVV), onde tinha uma bolsa de estudos, e desde antes de formada já tinha seu talento reconhecido.
“Faz 3 anos que atuo profissionalmente como fotógrafa documental e atualmente meu trabalho é totalmente voltado à favela e suas criações. Meu principal objetivo é ressignificar a imagem da favela, trazer uma nova perspectiva desse universo criativo que pertenço. Sou integrante do Instituto Serenata d’Favela, localizado no Morro do Quadro, atuo como fotógrafa voluntaria e também dou oficinas de fotografia para os integrantes”.
Trabalho reconhecido internacionalmente
Em 2022, a fotógrafa integrou uma palestra sobre “Imagens Periféricas no Centro Cultural México Brasil”, no Consulado Geral do Brasil no México. Esse foi o primeiro contato internacional de Ana, que apresentou seu trabalho sobre favela levando uma perspectiva do Espírito Santo.
Em sua primeira exposição internacional, em Nova York, Ana quer representar a favela de onde veio e todas as pessoas que sonham em viver de Arte.
“A fotografia tem um poder transformador de comunicar e abrir caminhos. Levar tudo o que acredito e vivo em imagem me traz a responsabilidade de querer melhorar cada vez mais, me dedicar para que as pessoas vejam uma nova perspectiva e afirmar esse lugar de liberdade”.
Arte, amor e liberdade
Ana cita a escritora e filósofa norte americana Bell Hooks como sua inspiração. A jovem espera que, com seu trabalho, outros artistas vindos da favela também sejam libertos.
“Bell Hooks, escritora e filosofa norte americana, afirma que no momento em que escolhemos amar aquilo que vemos, começamos a nos mover em direção a liberdade, a agir de formas que libertam a nós e aos outros. Enquanto mulher preta e fotógrafa documental, sinto que a importância de alcançar um lugar que parece tão distante me trouxe a liberdade de sonhar e querer alcançar cada vez mais espaços. Espero que meu trabalho abra, liberte e inspire a produção de novas artistas.”
Sobre a exposição:
“BRIDGING HORIZONS: Brazilian Photography Today” é uma mostra coletiva de fotografia, com curadoria do artista/fotógrafo Paul Clemence, que reúne uma seleção representativa de fotógrafos brasileiros contemporâneos da atualidade. Do trabalho de estudantes a profissionais emergentes e estabelecidos, a mistura eclética de obras de arte em exibição, apresentando uma variedade de assuntos e técnicas de mídia, mostra as maneiras únicas como esses artistas estão infundindo as tendências atuais da fotografia com uma perspectiva decididamente brasileira.
- Exposição do dia 2 de março, das 6PM (18h) – 8PM (20h) no Consulado Geral em Nova York, ao dia 3 de abril.
- Artistas: Luiz Baltar, Maritza Caneca, Josiane Dias, João Farkas, Marcia Grostein, Ana Luzes, Sylvia Martins, Leo Mascaro, Josemias Moreira, Júlia Pontés, Livia Radwanski, Caio Reisewitz, e os estudantes do Institute for Technology and Innovation Research (IPTI): Vittor Vixe, Lianderson Santos, Walisson Andrey, Mozany Ellen, Amanda Karolayne, Layla Santos e Luiz Heitor.
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