Mais da metade dos casos de mortes por afogamento acontecem no verão. E é nesta época do ano que o assunto ganha destaque. Mas dados da Organização Mundial Saúde, (OMS), apontam que por dia, 16 pessoas morrem afogados no Brasil. Isto significa 5.500 mortes por ano. Isto sem falar de casos em que as vítimas são resgatadas com vida. Cerca de 100.000 pessoas acabam se afogando.
E entre as crianças o dado é ainda mais assustador. Esta é a segunda maior causa de morte entre os pequenos, perdendo apenas para pneumonia.
Resgate no dia de Surf
Além de resgatista, socorrista, e bombeiro militar, a Capitão Gabriela Andrade, é surfista, ela relembra de um caso recente, em que ela estava surfando em Setiba, Vila Velha e um dos surfistas foi entrar na água de forma errada. “Recentemente em Setiba, num pico de surf com fundo de areia, um surfista foi fazer o que todo mundo quer fazer, entrar pela pedra e chegar mais rápido no local. Só que ele pulou na hora errada, a onda bateu e jogou ele contra a pedra de novo”.
Gabriela estava na água e ouviu os pedidos de socorro. “Ele estava desesperado e conseguiu se agarrar em uma pedra, tipo uma ilhazinha. Mas não conseguia sair, voltar de onde veio. Eu me aproximei dele e de longe comecei a verbalizar para tentar acalma-lo e falei que só iria sair quando eu mandasse. Quando o mar deu uma acalmada, ele conseguiu sair, apenas com alguns machucados. Mas para acontecer uma tragédia é muito simples”, completa.
Piscinas lideram casos de afogamentos
Se engana quem acha que a maioria dos afogamentos acontece em praias, ou rios. 6 entre 10 casos de afogamentos, com morte ou não, acontecem dentro de casa.
“Os casos de afogamento relacionados às crianças é um problema grave e, na maioria das vezes, a tragédia é dentro de casa. Geralmente ocorrem em piscinas, baldes e cisternas”, explica Gabriela Andrade, capitão do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, especialista em salvamento aquático.
Espírito Santo
A militar relembra de um caso marcante que aconteceu em Morada da Barra, Vila Velha, no Dia das Crianças, em 2020. Um menino, de apenas um ano de idade, ficou sem supervisão dos pais e acabou caindo na piscina. Quando foi encontrado, já estava sem vida.
A capitão Gabriela Andrade chama a atenção para alguns cuidados dos pais, principalmente para os que possuem piscina em casa. “É importante colocar barreiras na piscina, evitando o acesso da criança. Além disso, é indispensável uma vigilância constante dos pequenos. Se estiver distraído e a criança sumir da vista, o primeiro lugar que se deve procurar é na piscina”, destaca.
Gabriela destaca ainda que deve haver um esforço entre vários órgãos para combater os afogamentos. “Temos que fazer um esforço em conjunto. Na educação, tratar a questão da prevenção; na segurança exigir ralos nas piscinas, por exemplo; e na saúde saber tratar corretamente o paciente afogado”, ressalta.
Dicas de primeiros socorros
A capitão dá dicas caso uma criança seja encontrada afogada e desacordada. “Se a vítima for encontrada ainda na piscina, é fundamental os primeiros socorros. Se for criança bem pequena, quem for fazer o resgate, deve colocar a boca na boca de quem se afogou e soprar. Fazer hiperventilação e em seguida acionar o socorro especializado”, explica.
Não existe um dado específico sobre afogamentos de crianças no Espírito Santo, mas em 2022, 86 pessoas morreram afogadas em todo o Estado. “Por isso a importância de falarmos sobre o assunto durante todo o ano, não só no verão”, finaliza a capitão.