Era final da manhã do dia 17 de outubro de 2017 quando a jovem Thayná Andressa de Jesus Prado, de apenas 12 anos, saiu de casa, no bairro Universal, em Viana, para comprar pão e nunca mais voltou. A menina fazia o mesmo trajeto todos os dias e, naquela manhã, saiu e demorou para voltar, situação que preocupou a mãe, Clemilda de Jesus.


Com o sumiço da filha, Clemilda procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência. Mas diante da morosidade da polícia em relação a uma resposta concreta, ela mesma começou a refazer os passos da filha para entender o que tinha acontecido.
Durante sua investigação pessoal, Clemilda conseguiu um vídeo onde a filha entrava no carro de um desconhecido, situação que a preocupou, pois a menina não tinha o hábito de conversar com estranhos.
Começou então toda mobilização para descobrir de quem se tratava o veículo e onde estava a menina desaparecida.
Onde está Thayná?
Organizações Não Governamentais, associações, órgãos ligados a pessoas desaparecidas e os veículos de impressa destacavam todos os dias o caso. Também cobravam das autoridades uma solução para o caso. Várias pessoas se solidarizaram com a família, e mandavam mensagens de apoio.
Polícia identifica suspeito
14 dias depois do desaparecimento, a Polícia Civil conseguiu descobrir de quem se tratava o veículo que a Thayna tinha entrado e divulgou a foto do suspeito, que à época estava foragido. As fotos de Ademir Lúcio Ferreira de Araújo estavam estampadas por todo lado, o mandado de prisão preventiva havia sido expedido.


No dia 7 de novembro, o carro utilizado por Ademir foi localizado. O veículo foi encontrado em Guarapari com um vendedor de queijos que alegou ter comprado por R$ 5 mil. O negócio havia sido feito em Cobilândia, Vila Velha.
A polícia já tinha encontrado o carro e já tinha certeza quem era o responsável pelo desaparecimento da menina. Mas onde estava Thayná? E Ademir, pra onde tinha fugido?
Ossada da jovem encontrada
Três dias após a polícia ter encontrado o carro utilizado por Ademir, uma ossada foi localizada às margens de uma lagoa, no bairro Parque Industrial, em Viana.
Na ocasião, o delegado responsável pela investigação, José Lopes, havia afirmado que era provável que o corpo tinha sido queimado, pois havia rastro de fogo na região. E a suspeita era de que a ossada era da menina Thayná, pois foi encontrada roupas que a jovem costumava usar. A confirmação veio dias depois após exames de DNA.


Ademir foi preso longe do Estado. Em uma operação conjunta das polícias do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul, o suspeito foi localizado em uma praça no Centro de Porto Alegre. Logo após a prisão, a polícia gaúcha gravou um vídeo com o suspeito que deu sua versão do crime. Veja.
Logo que o vídeo foi divulgado, Dona Clemilda contestou a versão. Mas ele acabou confessando o crime. Disse que tinha abusado sexualmente da garota, a agrediu, a matou com um tiro e depois colocou fogo no corpo.
Julgamento
Em 2018, o Ministério Público ofereceu a denúncia de estupro, assassinato e ocultação de cadáver contra Ademir. Uma série de recursos foi feita pelos advogados do réu e vários adiamentos aconteceram, mas ele sempre aguardando detido.
Desfecho
Quase 3 anos depois, Ademir Lúcio foi encontrado morto na cela em que aguardava julgamento, na penitenciária 5 de Vila Velha. Na ocasião, a Secretaria de Estado da Justiça (SEJUS) disse que iria apurar o caso, mas que crimes cometidos no sistema prisional, não sou são comentados pela Secretaria.


O corpo de Ademir foi levado para o departamento médico legal e como procedimento de rotina, todo corpo que dá entrada no local e fica mais de um mês sem algum familiar fizer a retirada, é enterrado como indigente. E foi o que aconteceu, na época, os familiares contaram que não faziam questão de realizar o sepultamento.
O jornalismo do MovNews procurou Dona Clemilda, mas ela não quis comentar o caso. Hoje ela é ativista contra a violência de jovens.


Ademir morreu sem ser julgado.