Maior congresso de oncologia do mundo traz novidades para tratamentos de câncer; confira

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Terminou recentemente o Asco, maior congresso sobre oncologia do mundo, nos EUA. Nele, pesquisadores revelaram notícias animadoras no combate aos cânceres de mama e de reto: novos medicamentos com maior eficácia, aumento de sobrevida dos pacientes e menos efeitos colaterais.

Contra o câncer de mama, um remédio baseado em um anticorpo monoclonal, que pode ser sintetizado em laboratório, e que funciona como alternativa à quimioterapia, com menos efeitos colaterais, pode ter uma atuação mais ampla contra tumores mamários.

O medicamento em questão é o Trastuzumab Deruxtecan, que já era utilizado em pacientes com alta expressão de uma proteína ligada a um tipo de câncer mamário. O que se descobriu é que ele também pode ser efetivo para um espectro mais amplo de pacientes.

“Há um subtipo de câncer de mama associado a uma proteína chamada HER2. Já se sabia que pacientes com alta expressão de HER2 obtinham ótima resposta com esse medicamento, que era uma alternativa à quimioterapia. O que se descobriu é que esse remédio também tem ação em cânceres com baixa expressão de HER2, reduzindo em 50% a chance de progressão da doença e em 36% o risco de morte”, comemora a oncologista Juliana Alvarenga, da rede Meridional.

Com a novidade, espera-se que o tratamento com o medicamento, que abrangia até 15% das pacientes com câncer de mama, possa ser aplicado em cerca de 60% dos casos.

Como o estudo foi feito

Na fase 3, a última etapa da pesquisa, 557 pacientes foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos: uma parte recebeu o tratamento com o remédio, que é aplicado por via intravenosa, e a outra realizou a quimioterapia de escolha do médico.

As participantes foram diagnosticadas anteriormente com baixa expressão da proteína HER2, em fase avançada, com metástase, que é quando o câncer já se espalhou para outras partes do corpo. As pacientes também já haviam tentado outros tratamentos e, além disso, possuíam um tumor que não poderia ser tratado com cirurgia.

O estudo mostrou que o medicamento, das farmacêuticas AstraZeneca e Daiichi Sankyo Co, interrompeu a progressão do câncer por cerca de 10 meses em comparação com cerca de quase seis meses no grupo que recebeu a quimioterapia padrão.

A droga também melhorou a sobrevida em cerca de seis meses: passou de 17,5 para 23,9 meses. No outro grupo, esse valor foi de quase três meses.

Maior eficácia contra o câncer de reto

Também foram surpreendentes os dados do medicamento Dostarlimab em câncer de reto. O remédio já é aprovado no Brasil para tratar câncer de endométrio, e não tinha sido testado contra outros tipos de tumores até então.

Tratados por seis meses com o imunoterápico Dostarlimab aplicado via venosa a cada três semanas, todos os participantes do estudo obtiveram resposta clínica completa, isto é, o tumor desapareceu totalmente.

Foram 12 os pacientes envolvidos no estudo, número considerado pequeno. Porém, os dados foram suficientes para o trabalho ser reconhecido como um dos mais importantes do congresso.

“As respostas nesses primeiros pacientes foram notáveis e muito melhores do que com o tratamento padrão de quimioterapia, somada à radiação e seguida de cirurgia. O tratamento convencional é extenuante, e pode acarretar em disfunções intestinal, urinária e sexual. Muitos pacientes, ao final, ainda necessitam de bolsas de colostomia, portanto, esse medicamento pode representar um avanço sem precedentes”, analisa Juliana Alvarenga.

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Redação Mov News

Equipe de jornalismo do MovNews

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