sábado, 20 de abril de 2024
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Quadro de Kevinn já era “gravíssimo” antes de transferência para Himaba

O adolescente Kevinn Belo Tome, de 16 anos, morto no último sábado (30) enquanto esperava atendimento no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, já apresentava quadro “gravíssimo” quando deixou o pronto atendimento em que estava internado em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.

Isso é o que informa a ficha de atendimento da empresa responsável por transportar o jovem. Ele deu entrada na unidade cachoeirense no dia 27 de abril e devido à piora de seu estado de saúde, foi transferido para o Himaba. Kevinn esperou para ser atendido por cerca de quatro horas dentro de uma ambulância estacionada no pátio do hospital.

Advogado das duas médicas plantonistas do Himaba afastadas após o óbito do jovem, Jovacy Peter Filho afirmou que o requerimento de transferência do pronto atendimento de Cachoeiro para o Himaba solicitava vaga de enfermaria para o paciente. Contudo, segundo o defensor, o adolescente já chegou intubado ao hospital, indicação de que o destino adequado seria o setor de emergência da unidade.

Para o advogado, é papel da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) responder em qual momento a categoria do paciente foi alterada de baixo risco para uma de maior gravidade. Peter levanta dúvidas também se a remoção de um paciente com tamanha gravidade era o procedimento recomendável e, caso fosse, quem a determinou. Do contrário, indaga o motivo pelo qual teria ocorrido a transferência.

Segundo nota da RemoVida, empresa que realizou a transferência de Kevinn, o destino do paciente era o Pronto Socorro, setor “que é diferente de leito de enfermaria”. O comunicado ressalta que o uso da UTI Móvel se dá apenas para a remoção de pacientes em estado grave, “diferente de uma emergência ou UTI hospitalar, composta por especialistas e com recursos de apoio e suporte aos doentes graves”.

A empresa encerrou a nota destacando o trabalho desempenhado pela equipe de remoção responsável pelo atendimento de Kevinn e que, “mesmo com recursos e procedimentos limitados à UTI Móvel”, os profissionais envolvidos utilizaram “todos os recursos e técnicas possíveis e disponíveis, com elevado grau de zelo profissional, ética e empatia”.

Sesa

A Sesa voltou a se pronunciar a respeito do caso nesta terça-feira (3). Segundo a direção do Himba, a internação de Kevinn no Pronto Socorro da unidade estava autorizada pela Central de Regulação, procedimento documentado pelo Núcleo Interno de Regulação da Unidade Hospitalar.

“O Pronto Socorro do Himaba está composto por três médicos plantonistas na porta e mais três profissionais na rotina para avaliação dos pacientes em observação”, disse a Sesa em nota.

A pasta explicou também que “quando o quadro do paciente muda durante a remoção, a conduta de admissão do hospital de referência para urgência e emergência se mantém, ou seja, o protocolo é garantir a assistência e estabilização do paciente com encaminhamento para emergência do hospital e reavaliação do quadro clínico para encaminhamento ao recurso necessário ao paciente”.

Omissão

Nesta segunda (2), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, considerou a morte de Kevinn como “omissão de socorro” e “falta grave”. O adolescente havia sido trazido de Cachoeiro de Itapemirim, na região Sul, e estava com uma vaga garantida pelo setor de regulação do Himaba.

De acordo o Fernandes, o hospital possuía UTI em condições de atender Kevinn e poderia evitar a morte dele caso tivesse sido atendido assim que chegou à unidade de saúde.

“Houve uma omissão de socorro, uma negligência grave, uma falta grave! Não houve falha da administração. Houve, sim, uma falha grave das profissionais médicas intensivistas em não acolher o paciente”, afirmou.

O secretário ainda se solidarizou com os familiares de Kevinn e prometeu apuração rigorosa do caso. Em nota, a direção do Himaba informou que vai prestar toda assistência necessária à família do jovem. O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que decidiu abrir uma sindicância para apurar responsabilidades.

As médicas que deveriam atuar no caso foram afastadas e a direção do hospital abriu sindicância para apurar a conduta das profissionais. O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil. O corpo de Kevinn foi enterrado no último domingo (1º), em Cachoeiro de Itapemirim.

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