quinta-feira, 28 de março de 2024
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Cobilândia: histórias curiosas de zoológico, leões, fantasmas e gente trabalhadora

Um dos bairros mais tradicionais de Vila Velha, Cobilândia tem muita história para contar em seus 51 anos. O lugar é muito querido pelos moradores, mas também é cercado por mistérios e crendices populares. Quem já passou por lá, certamente ouviu falar que a região já abrigou cada fera, que vão desde zoológico com leões até fantasmas assombrando a criançada.

Para conhecer melhor essas peculiaridades, a reportagem do MovNews passou um dia em Cobilândia onde conversou com lideranças municipais, moradores antigos e comerciantes que se orgulham de viver e de participar do crescimento do bairro. 

Filha de um dos primeiros moradores da região, a advogada Núbia Rodrigues Suave, de 52 anos, fala sobre Cobilândia com brilho nos olhos. De acordo com a advogada, a lenda da “Estrada da Dona Bela” é antiga, bem famosa entre os habitantes e repleta de misticismos.

Núbia Rodrigues Suave, de 52 anos, é advogada e atua em projetos sociais em Cobilândia.

“Segundo a lenda, ocorriam aparições de uma senhora que acabou falecendo e a nossa aventura era passar de um lado para o outro do matagal que tinha aqui sem medo ou sem ‘dar de cara’ com a idosa. Mas não tinha como, pois sempre algum dos nossos colegas ficava escondido no meio do mato para dar susto nos colegas”, explica a advogada. 

Outra história que cerca a região é a do notório “São Thiago”, conhecido popularmente como “Santiago”. O idoso era dono de uma casa retratada como um literal e verdadeiro zoológico, onde habitavam um pavão, jacarés e até mesmo dois leões. 

“Muitos moradores afirmavam que os cachorros e gatos do bairro serviam de alimento para o grande animal, que ‘rugia’ para todos que passavam pela rua. Falaram que depois de um tempo os bichos foram doados para o zoológico que existia no Parque Moscoso”, destaca Núbia.

De lendas à tradição

Entretanto, o bairro não é composto apenas de mitos e lendas. Nele podem ser encontrados moradores que fazem de tudo para contribuir com o crescimento e desenvolvimento da região. 

Padaria Ebenezer tem mais de 50 anos de tradição no bairro.

Famoso com mais de 56 anos de tradição, a Padaria Ebanezer já pode ser considerada um clássico entre os estabelecimentos de Cobilândia. De acordo com o neto do fundador, Ricardo Elias Dalla de Freitas, de 40 anos, o comércio começou com os avós há cerca de 56 anos e se reinventa a cada dia com uma tradição que passa de pai para filho. 

Ricardo Elias Dalla de Freitas, de 40 anos é neto do fundador do estabelecimento.

“Fomos os primeiros a trazer esse tipo de comércio para a região, quando nem imaginávamos que o bairro iria crescer tanto assim. Com isso acompanhamos tudo que ocorreu no local. Minha família comenta que nem mesmo energia elétrica havia na região, por isso, muitos habitantes vinham até o local para realizar ligações telefônicas no estabelecimento”, descreve. 

Comida com muito sabor, tempero e variedade é o que não falta no bairro. A região é muito bem servida de bares, restaurantes e estabelecimento para todos os gostos do freguês. 

Um famoso “point” da região é o “pastel de feira com caldo de cana”, onde o lanche clássico continua sendo uma opção acessível para saciar a fome a qualquer hora do dia. Junto com o marido, a empresária Samoandra Kuster, de 45 anos, fala com orgulho do estabelecimento: o que era um pequeno trailer virou um grande trailer com espaço que ocupa toda a extensão do quarteirão. 

A empresária Samoandra Kuster, de 45 anos trabalha no trailer de pastel do bairro.

A clientela melhorou muito ao longo dos anos. Agora temos clientes todos os dias, seja pela manhã, no horário de almoço, lanche ou jantar. Crescemos com o nosso trabalho e pretendemos melhorar cada vez mais”, destaca orgulhosa. 

Outro espaço que faz sucesso entre os moradores é o Restaurante da Tia Rita, com um self-service e marmitex de deixar água na boca do freguês. O espaço é comandado pela senhora Rita de Cássia, de 70 anos, dona do estabelecimento há 18 anos. 

Restaurante da ‘Tia Rita” é famoso pelo self-service e marmitex.

“Comecei a fazer comida em outro lugar, mas fomos crescendo, o espaço ficou pequeno e viemos para o bairro. Temos o almoço com self-service e marmitex. A nossa feijoada faz muito sucesso no dia de sexta-feira quando dá mais movimento”, descreve dona Rita.

Em Cobilândia, também fica localizada a loja pioneira da rede de farmácias Cibien, presente atualmente em mais de 10 bairros de Vila Velha. O sócio majoritário da rede, Fabiano Cibien, de 45 anos, afirma que, com o trabalho realizado ao longo dos anos, não só a rede foi beneficiada, mas, acima disso, foi possível contribuir com o crescimento do bairro e com a fidelidade dos clientes.

Loja pioneira da rede de farmácias Cibien fica localizada em Cobilândia.

“Começamos com duas portinhas bem pequenas, aqui nesse local mesmo, próximo à praça central. E com o passar dos anos acreditamos não apenas no nosso trabalho e honestidade, mas também fomos acreditando no bairro e como a atuação iria beneficiar todos à nossa volta”, destaca Fabiano. 

O sócio majoritário da rede, Fabiano Cibien, de 45 anos.

A preocupação com a saúde, o bem-estar e a beleza também tem movimentado o mercado de academias do local. Nascido e criado no bairro, o dono da “Academia Mais Saúde”, Rodrigo Miranda, de 45 anos, explica que o nome diz jus ao intuito do espaço ao promover saúde para a população.

“O exercício físico contribui demais para a saúde de todos. A partir da década de 90, muitas pessoas começaram a enxergar como a prática de exercícios contribuía para a obtenção de um físico desejado. Além disso, após a pandemia do Covid-19 também estamos tendo um público mais idoso que também frequenta o local e se preocupa cada vez mais com o vigor”.

Rio poluído era foco de diversão

Como todos os bairros de Vila Velha, Cobilândia também sofre com os “seus fantasmas”. O Rio Marinho é um deles. O rio, que corta todo o bairro, atualmente possui odor desagradável e coloração que remete à sujeira. Mas esse triste cenário nem sempre foi assim.

O portuário Bira Regis, de 53 anos, fala sobre Cobilândia com brilho nos olhos. Segundo o morador, antes da urbanização, o local era cercado de muitos sítios com hortas, mangue e até dava para tomar banho, pescar camarão e “pitu” no Rio Marinho. 

O portuário Bira Régis, de 53 anos, é morador de Cobilândia.

“Foi possível notar todo o crescimento que o bairro teve ao longo dos anos. Tudo era cercado de sítios, hortas, o rio teve também o seu período de navegações. Era um rio de produtividade, o qual meu avô transportava areia para grandes empresas”. 

Quem também lembra do Rio Marinho com saudosismo é Welliton Nolasco, de 57 anos. De acordo com o antigo morador da região, o local era utilizado para pegar peixes e servia até mesmo como meio de transporte para as famílias. 

“O rio já foi muito utilizado, já peguei muito peixe aqui, também tomei banho, mas depois os moradores foram vindo, a própria população começou a jogar lixo, esgoto, sujeira dentro do rio e ficou essa situação que a gente conhece hoje em dia. Tem muita história nesse lugar”, desabafa Welliton. 

Personagem ilustre

Dos campinhos e ruas de Cobilândia à um dos maiores ídolo da torcida rubro-negra na década de 1990. Essa é parte da trajetória do empresário e ex-jogador de futebol, Sávio Bartolini. Em entrevista ao MovNews, o craque contou que deu seus primeiros passos na carreira no bairro de Vila Velha.

O ex-jogador de futebol, Sávio Bartolini, morou parte da infância em Cobilândia.

“Só tenho memórias maravilhosas de Cobilândia. São lembranças muito boas dos amigos que fiz na região. Praticamente aprendi a jogar futebol no bairro, onde cheguei com apenas um ano de idade e fiquei até os 10 anos”, recorda.

Sávio lembra que começou a jogar no time formado pelo pai, batizado de “Fluminensinho”.  Vestindo o uniforme da equipe, ele competiu em vários municípios do Espírito Santo.

“Meu pai (Sr. Mazinho) era torcedor do Fluminense e criou o time do Fluminensinho. Comecei a jogar na equipe dele com 10 anos. Foi uma infância muito boa. Só tenho o que agradecer por ter vivido parte da minha vida em Cobilândia”. 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Conheci esse bairro aos 13 anos. Estudei no Colégio Comercial Brasil. Pena que a escola fechou. Sr Francisco e dona Irmã me lembro deles com muito carinho. Tinha muitas valas em frente as casas. O esgoto era precário. Já existia o SESI em Cobilândia. Não entendo uma coisa porque não melhoraram a rua do SESI até hoje. A igreja Batista era no mesmo lugar. Eu gostava muito de assistir os cultos lá. Também fico pensando porque até hoje não investiram na educação, como uma faculdade no local com tantos alunos que já estudaram e ainda estão se formando em outros bairros.

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