Ao meu amado pai

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Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia das Crianças. Para muitos, essas datas têm uma pegada comercial mais forte do que qualquer outro significado. Minha mãe sempre dizia que Dia das Mães e Dia dos Pais são todos os dias. Não adianta nada comprar um presente ou fazer um churrasco se não se tem uma boa relação ou convivência com seus pais durante o ano todo. Essas datas, no entanto, são importantes para nos fazermos refletir sobre o valor que nossa família tem para nós.

Quando penso no Dia dos Pais, não consigo deixar de lembrar do papel fundamental que meu pai teve na minha vida. Ele foi essencial para que eu me tornasse a mulher independente e decidida que sou hoje. Desde muito cedo, mesmo tendo crescido em um mundo machista e sendo militar, ele sempre me ensinou que eu deveria estudar e trabalhar para não depender de nenhum homem. Esse conselho ficou gravado na minha mente e no meu coração, e é algo que levo comigo até hoje.

Meu pai, que aprimorou carreira no Exército, sempre me ensinou que a independência é fundamental, e que o companheirismo é obrigatório, mas nunca dependência. Ele me incentivou a concluir meus estudos antes de começar a trabalhar, e isso fez toda a diferença na minha vida. Apesar de nossas divergências, ele insistiu que eu priorizasse minha educação, ou que me preparasse para os desafios da vida.

Vou voltar um pouco no tempo, logo após a Ditadura do Brasil, depois das Diretas Já, com Tancredo e Sarney. Foi nesse período que meu pai, vendo uma possibilidade e necessidade de mudar de vida, decidiu pedir baixa do Exército. Ele saiu de lá sem nada, apenas com o soldo do mês. Ele não concordou com muitas das práticas, ideias e valores que o Exército brasileiro pregou durante o tempo em que ele serviu, especialmente durante a ditadura. Ele passou por muita coisa e não concordou com muitas dessas coisas, mas, estando dentro do sistema, só viu condições de sair “vivo”, por assim dizer, depois da reabertura política. Esse sentimento dele se concretizou, pois ele foi ameaçado de morte, e nós, sua família, também fomos ameaçados. Mas essa é uma história para outra hora.

Com isso, meu pai sempre me mostrou que é possível recomeçar a qualquer momento. Após a reabertura política no Brasil, meu pai decidiu deixar o Exército, uma decisão nuclear e arriscada, especialmente durante uma época tão conturbada. Ele durou 20 anos de serviço militar porque acreditou que poderia construir algo diferente e melhor para sua família. E ele o fez, reconstruindo sua vida, primeiro em São Paulo e depois no Espírito Santo.

Essa capacidade de recomeçar, de seguir em frente mesmo diante das adversidades, é algo que aprendi com ele e que aplico em minha própria vida. Não somos obrigados a permanecer em situações que nos fazem mal. Sempre é possível recomeçar, e meu pai é um exemplo vivo disso.

Então, neste Dia dos Pais, que é uma data que o comércio aproveita, mas que para mim também traz reflexão, quero deixar todos os meus agradecimentos e amor ao meu pai, hoje bisavô, Marival Chaves, a quem tanto amo.

Até a próxima, um beijo!

Cristiane Martins

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