Era 2010. Lembro como se fosse hoje. Capacete do IOPES na cabeça e papel e caneta nas mãos. Ainda repórter em A Gazeta, onde estive de 2007 a 2013, acompanhei cada pedacinho dos primeiros anos de compra, projeto e obra do Estádio Kleber Andrade. Então casa do Rio Branco, em 2008 foi comprado pelo Governo do Estado do Espírito Santo visando um projeto de reforma com início no já citado ano de 2010.
De lá até o jogo do Vasco contra o Volta Redonda, no próximo dia 30, pelo Campeonato Carioca, quantas voltas o Klebão já deu… Empreiteira trocada, obra atrasada. Greve. Inauguração 1. Treinos de Camarões na Copa do Mundo de 2014. Show de Paul McCartney. Inauguração 2. Mais jogos do Capixabão e de equipes de fora do Espírito Santo. Uma nova etapa de obras pós 2019. Copa do Mundo sub-17. Mais obras. E enfim, a inauguração 3.
Originalmente sonhado pelo Rio Branco para 80 mil pessoas, ainda na década de 1980, o estádio nunca foi finalizado pelo clube. Diante das dificuldades financeiras, entrou-se num acordo para a sua venda ao Estado. Hoje, comporta 21.800 pessoas. Número honestíssimo para as demandas do Espírito Santo. No formato multiuso, para shows, pode receber até mais gente.
Quem viu o Kleber Andrade dos anos 2000, é claro, se alegra ao ver o estádio hoje. O Mondrian nas arquibancadas chama a atenção. As imagens de drone com os círculos anacrônicos são bonitas. Muito foi feito. E a realidade é bem melhor do que o cenário anterior, apesar da escalada no valor final da obra, primeiramente orçada em R$ 70 milhões e entregue bem perto dos R$ 200 milhões.
É preciso, porém, estudar e planejar com carinho o futuro do estádio. Seu custo de manutenção mensal? Seu papel no cenário esportivo e social capixaba? Hoje, levando em conta o custo médio de operação de qualquer estádio no país, é impossível mantê-lo no azul apenas com o futebol capixaba – o que é uma pena, mas a realidade de momento não apenas no ES, mas em diversas arenas do país, vide o Mané Garrincha, em Brasília.
Esporadicamente, sua utilização para partidas de equipes de fora do Espírito Santo e para eventos, diminui o saldo negativo, mas é fato que chegou a hora de buscar uma alternativa de gestão definitiva para o estádio, seja através de uma PPP, de uma superintendência ligada à Sesport ou outra ação para o tal.
Torço para que o Klebão tenha décadas e mais décadas de serventia ao esporte do Espírito Santo. Que possa se manter como um trunfo para nosso estado. E que possamos evitar que se torne novamente um fardo, com foi para o Rio Branco nos anos 2000.
Thierry Gozzer
Jornalista, passagens por Rede Gazeta e TV Globo; Olimpíada, Copa do Mundo e Olimpíada de Inverno
Parabéns pela nova coluna!
Valeu, grande Jair! Referência 👊🏻
Parabéns ao MovNews e a você, Thierry!
A PPP é uma sugestão que deve ser analisada com carinho para o Kleber Andrade.
Aylton Cabral