Quando Fernando Nicolau de Almeida, vinicultor da Casa Ferreirinha, uma importante vinícola portuguesa, situada no Douro Superior, norte de Portugal, visitou a região de Bordeaux na França nos anos 1940 teve um sonho, produzir em terras lusitanas um verdadeiro grand cru – denominação em francês de cultivo excelente –, pois bem, seu sonho começou a tornar-se realidade a partir dos anos 1950 quando nas terras altas da região do Douro ele produziu o vinho que viria a se tornar um dos mais renomados vinhos do mundo, um ícone em Portugal, o Barca-Velha.
Em maio deste ano foi lançada em Portugal a 20ª edição safra 2011 do icônico Barca-Velha e em julho foi a vez do Brasil receber o lançamento, depois de um ano de adiamento por causa da pandemia da Covid 19. Desde a sua criação, em 1952, há quase 70 anos somente vinte edições deste vinho chegou aos mercados português e mundial, ele só é elaborado quando uma safra alcança o altíssimo padrão exigido pelos enólogos da Casa Ferreirinha.
Somente quando o processo tem o mesmo rigor e padrão da primeira colheita que o vinicultor rotula o seu vinho como Barca-Velha. Colheitas já lançadas de Barca-Velha: 1952, 1953, 1954, 1955, 1957, 1964, 1965, 1966, 1978, 1981, 1982, 1983, 1985, 1991, 1995, 1999, 2000, 2004, 2008 e 2011.
Este vinho que é um blend das uvas Touriga Franca (45%), Touriga Nacional (35%), Tinta Roriz 10% e Tinto Cão 10%, seu teor alcoólico é de 14,5% por volume. A maturação ocorre em barricas de carvalho francês, durante um período de cerca de 18 meses. Segundo especialistas, trata-se de um vinho que atinge seu apogeu em torno de 15 a 20 anos após colheita. E é daqueles que quanto mais velho melhor.
Vinte colheitas depois, chegamos a mais uma edição que faz jus à história, numa homenagem à arte de saber esperar para descobrir um vinho cheio de garra, com enorme maturidade, que reflete na perfeição o terroir do Douro Superior. O Barca-Velha 2011 apresenta-se como os seus antecessores, mostrando que o vinho é que manda! É como um leão, que diz: cheguei, estou aqui! Um vinho que não tem medo de nada e sabe o seu valor. O desta safra tem demonstrado uma excelente evolução, estando já a revelar plenamente o seu bouquet.
Luís Sottomayor, enólogo da Casa Ferreirinha
Confira o vídeo de lançamento:
Agora que tal harmonizá-lo com um suculento leitão assado e em boas companhias? Este vinho deve ser aberto 2 a 3 horas antes de ser degustado. Mas, lembrem-se direção e bebida alcoólica não se harmonizam.
Saúde e até a próxima semana!
Paulo Angelo
Publicitário, amante das artes, cinéfilo e enófilo. Escreve sobre vinhos desde 2013.
Deve ser maravilhoso, a história é bem bonita. Desejo prová lo em breve.
Muito obrigado Fabiana pela leitura e comentário. Realmente o vinho Barca-Velha é um ícone mundial. As terras altas do Douro foi a primeira região demarcada do mundo, onde são produzidos excelentes vinhos, além do Barca-Velha, que se destaca como o rei da região.
Como disse o autor desta obra, o enólogo Luís Sottomayor: É como um leão, que diz: cheguei, estou aqui! Um vinho que não tem medo de nada e sabe o seu valor. O desta safra tem demonstrado uma excelente evolução, estando já a revelar plenamente o seu bouquet.
Grande abraço,
Paulo Angelo.
Começando o dia com essa leitura maravilhosa e que nos faz refletir sobre a arte de esperar. Nada mais atual do que vivenciarmos a paciência para colhermos o melhor. As vezes parar um pouco, esperar, sentir os sabores, nos faz ir mais longe…E a casa Ferreirinha demonstra essa arte ao longo dos anos.
Tudo começou por um sonho e desse belíssimo sonho um enorme prazer em concretiza-lo.
Grata por compartilhar essa belíssima história.
Cara Rochanne, muito obrigado pela leitura e comentário.
Todo sonho que se sonha acordado é factível de realização. Foi o caso de Fernando Nicolau de Almeida que realizou o seu sonho e nos brindou com um néctar dos deuses Baco e Dionísio. Realmente, o vinho Barca-Velha é um ícone no seu país e no mundo.
Grande abraço,
Paulo Angelo.
Patrícia se um produtor de vinhos não for paciente talvez ele não consiga entregar um excelente produto. Claro que toda vinícola tem seus vinhos de entrada, ou seja, aqueles que são produzidos e colocados imediatamente no mercado, desta forma os produtores têm como subsidiar suas obras de arte, vinhos de guarda, feitos para durar, como é o caso do Barca-Velha, dos grand crus, aqueles que quanto mais velho melhor. Por estas e outras que sou apaixonado pelo mundo do vinho.
Obrigado pelo pertinente comentário.
Paulo Angelo.
Ei Paulo, tudo bem!
Maravilhoso texto, parabéns!
Agradecida pelo conhecimento que me proporciona. Vendo mais uma vez que paciência é tudo.
Bjos
Cara Erika, mil desculpas por responder seu comentário somente agora. Mais uma vez muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Paciência é tudo, (Sebastião Salgado, reconhecido fotógrafo disse: quem não sabe esperar não será fotógrafo jamais), e, com a produção de vinho não seria diferente.
Grande abraço,
Paulo Angelo.